Paula e João percorrem a mata adentro, a procura de Amanda, ainda perdida pelas matas de Lídice. Continuadamente, eles marcam as árvores, com os seus respectivos iniciais dos nomes, o que segundo João, era a forma de ajudar a Amanda a encontrar o caminho. Há momentos que eles decidiram retomar o caminho para retornar a casa em estado de ruínas. Nos primeiros momentos, eles ainda encontravam árvores, com marcas rudimentares, que foram feitas inicialmente, antes de retomar as buscas.
Minutos se passaram, eles não mais encontraram mais as árvores, com as mesmas marcas rudimentares. Paula, em estado de desespero, logo grita para o João, de que estão perdidos, mas João responde que os dois precisam ter calma. Mesmo o João procurando mostrar que astúcia e perspicácia, ele ainda se esqueceu de marcar as árvores, pensando em apenas nas árvores que foram marcadas anteriormente. Paula, tomada de desespero, também não marcou as árvores, e logo em seguida, percebem que também estão perdidos.
- E agora, João?
- Precisamos ter calma! Não dá pra se desesperar.
- Como não dá? Estamos aqui perdidos e por sua culpa!
- Ei, escandalosa! Assim não vamos nunca vamos encontrar o caminho de volta, e muito menos encontrar Amanda.
- Bem que Amanda deve estar de volta na casa abandonada, e rindo da nossa cara, por estarmos que nem palhaços, procurando por ela.
- Ela deve estar preocupada com a gente, isso sim.
Paula parou pensativa e reflexiva em si. Sem escolhas, ela resolve sentar, ficar de pernas abertas, apoiando os cotovelos nas coxas, e colocando as mãos na cabeça. Ela respirava bem fundo, respirava bem forte, e cada vez mais profundo. João se aproximou dela e ainda tentou tocar, mas a Paula afastou as mãos dele.
- Que foi?
- Foi nada! Só estou com raiva.
- Raiva de mim?
- Não! De mim mesma.
- Olha, Paula, só quero dizer que...
- Não foi com você! Esquece!
De repente, João ficou suspenso e parado, imaginando ter ouvido algo.
- Que foi, João?
- Tá escutando algo?
- Que algo?
- Sei lá...parece gemidos, sussurros, risadas...
- Tou ouvindo nada não. Começou a pirar?
- Não! É sério! Ouça!
- Continuo ouvindo nada - disse a Paula, segundos depois.
- Presta atenção!
Paula continuava não ouvindo e começa a chamar o João de maluco. Foi neste instante, que o João puxa a Paula, quase que à força, e leva a Paula, caminhando pela mata, chegando até em direção ao som, mencionado por João.
- Ei! Tem razão! Agora estou ouvindo!
- Viu só? Quem é maluco agora?
- Pelo amor de Deus, não vamos brigar aqui agora né?
- Tá bom então!
- Vamos! São gemidos fortes! Estão transando.
- Sim. E a transa está boa.
Paula e João aceleram seus passos, e começam a correr, procurando chegar mais rápido possível, ao local da transa. Eles correm rapidamente, e percebem que o suposto casal tem entrado em orgasmo. Cerca de dois minutos se passaram, andando mais devagar, para que a presença não seja notada, eles chegam a um lugar da suposta transa, mas ali não havia nada.
- Eu não entendo! Eles deveriam estar aqui.
- Calma, João! Vai que eles saíram. Aliás, não vejo nenhum sinal de que houve a transa aqui.
João começa a vasculhar o local e percebe que nada houve ali. Paula, incrédula, ficou parada, assistindo toda a cena. E começa a rir.
- Do que está rindo?
- De você! Está tendo alucinações.
- Olha, não vem não, que você também ouviu!
- É verdade! E olha que estamos mais perdidos, que já estávamos.
- Confesso que tou começando a ficar com medo dessa floresta. Acho que estamos sendo perseguidos por Curupira.
- Perseguidos por quem?
- Curupira.
Paula começa a cair na gargalhada, que chegava a tossir, de tanto riso.
- Ai, João, não me faça rir. Anda lendo muito conto de fadas. Curupira não existe, cabeção!
- Bom, é que o pessoal mais velho conta aqui. Eu nunca acreditei.
- Então agora resolveu acreditar.
- Não exatamente! É que...
- Peraí, João. Tá ouvindo algo?
- Sim. Eu estou. Gemidos novamente. Vem do lugar de onde estávamos.
- Engraçado. Como isso é possível?
- Não sei. Mas não custa nada dar uma olhada né?
- Então vamos! Pois a transa tá mais pesada!
Paula e João percorrem as mata mais um vez, correndo desesperadamente, correndo atrás do casal, que transava mais freneticamente, em que a mulher sentia orgasmos múltiplos. Mas João e Paula, não queriam saber de se aproximar furtivamente, queriam saber do que houve, mesmo que o casal se assuste. Isso mostra o tamanho desespero dos mesmos. Eles retornam ao local de onde perceberam que estão perdidos, e nada do casal transando.
- Isso é impossível! Como pode acontecer isso? - disse a Paula.
- Acho que você tem razão. Estamos alucinados.
- Não. Isso não pode ser. Vai ver que a gente passou por eles e mal percebemos...
- Sim. Pode ser. Já que a gente foi correndo.
- É. Tem razão. Vai ver que foi isso mesmo. Mas não é possível que os dois não perceberam a gente passando perto deles.
- Vai ver que nem passamos por eles mesmos e eles foram curtir mesmo.
- Sim, mas eu continuo ouvindo gemidos do lugar onde estava. A mulher tá gozando de novo!
- Eu tou ouvindo gemido ali também.
- Vai ver que é o eco.
- Não é não. São vozes diferentes. Duas mulheres e um homem.
- É verdade! Olha tou ouvindo mais gemidos atrás de mim. E mais e mais gemidos, em todos os cantos.
- Acho que a gente tá no meio de uma suruba.
- Parece que sim. Tipo um swing na floresta. Mas é tudo estranho, muito estranho.
Sussuros, gemidos, risadas e gritos de prazer, tomam conta de toda a floresta, até mesmo de lugares improváveis, como as copas das árvores. Os sons ficavam mais intensos, e cercados em meio a este mar de prazer, João e Paula, ficam agoniados com toda a situação, pois por mais eles procurem vasculhar o local, não encontram ninguém transando, ou fazendo algo semelhante, e fica cada vez mais difícil encontrar Amanda.
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